Em cinco anos, Prefeitura de Salto (SP) retira 200 toneladas de lixo do Rio Tietê

08/03/2019

A Prefeitura de Salto (SP) anunciou que, somente nos últimos cinco anos, retirou 200 toneladas de objetos e material reciclável das águas do Rio Tietê. Há cerca de duas semanas, trecho do rio em Salto amanheceu coberto por lixo e depois que uma forte chuva atingiu a cidade de São Paulo.

O lixo fica represado em uma usina desativada que faz parte do Memorial do Rio Tietê, ponto turístico que recebe muito visitantes para ver as quedas que há no local. Segundo ambientalistas, depois da grande São Paulo, o trecho que passa por Salto é o mais poluído.

De acordo com o especialista em gestão ambiental e morador de Salto, João de Conti Neto, o rio, que nasce em Salesópolis, na Serra do Mar, e deságua no Rio Paraná, divisa do estado com Mato Grosso do Sul, “ganha” a carga de lixo ao passar pela Grande São Paulo.

Perto de Salto, três usinas controlam a vazão do Tietê. Durante o trajeto, o material acaba acumulando diariamente na barragem da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE), que fica na cidade de Santana de Parnaíba. Outra local onde se acumula lixo é na usina de Rasgão, em Pirapora do Bom Jesus.

João de Conti explica que quando chove forte, o nível do rio sobe e é preciso abrir as comportas e, por isso, o lixo é arrastado até Salto, onde chega a invadir, junto com a água, ruas no entorno do Memorial do Rio Tietê.

“Recolhemos um lixo que não é nosso, mas ele para aqui e precisamos recolher. E isso levanta duas questões, a primeira é que temos um trabalho enorme e a segunda é que utilizamos um espaço no nosso aterro, que já está cheio, para colocar esse lixo que não é nosso”, explica Conti Neto.

É o mesmo discurso do secretário de Meio Ambiente de Salto, que explica que a cidade tem que resolver um problema que vem de fora. “Infelizmente é um presente desagradável que nós recebemos das cidades que nos antecedem. Uma conta que não é nossa”, completa.

A coordenadora do programa Água, da ONG SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, explica que a sujeira chega até Salto de duas formas. “Uma é com as enchentes que vêm de ocupações irregulares; e outra é da falta de coleta de lixo em todos os nossos municípios. O índice de coleta de material reciclável nas 34 cidades da região metropolitana de São Paulo ainda é muito baixo”.

Um levantamento feito pela ONG aponta que o Tietê recebe por dia quase 600 toneladas de esgoto e lixo. “Essa situação tem que acabar. Nós estamos matando o rio todo dia, ao longo de décadas”, completa Malu.

G1