Relatório aponta que São Paulo tem 90 novas áreas desmatadas de Mata Atlântica nos últimos 5 anos

22/08/2019

A cidade de São Paulo somou pelo menos 90 novas áreas de Mata Atlântica desmatadas nos últimos 5 anos, de acordo com um dossiê divulgado pela equipe do vereador Gilberto Natalini (PV). O relatório denuncia a derrubada de pelo menos 500 mil árvores nos extremos leste e sul do município. Os maiores responsáveis pelo desmatamento são organizações que fazem loteamentos irregulares de áreas, de acordo com o estudo.

As áreas devastadas compõem Áreas de Proteção de Ambiental (APA) e Parques Naturais, que abrigam nascentes, a maior parte delas, responsáveis por abastecer a Represa Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo, cujas águas são consumidas por mais de 5 milhões de pessoas.

Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, o bioma ocupa 15% do território brasileiro, se concentra na costa, passa por 17 estados do país, e sua extensão hoje representa 12,4% da área original. A cidade de São Paulo abriga 17% dos remanescentes florestais.

Motivado pelas dezenas de denúncias que recebeu da população por ligações, Whatsapp e e-mail, o vereador se debruçou sobre os 90 locais indicados e constatou que organizações têm devastado os extremos abandonados da cidade, especialmente o sul e o leste, para vender loteamentos e descartar entulho dentro da Mata Atlântica em plena luz do dia.

Para a caracterização e localização das áreas denunciadas, a equipe foi a campo, se comunicou com associações de bairro e órgãos públicos para mais informações, e contou com uma empresa para elaboração de laudos de parte dos casos, trabalho que utilizou a ferramenta de imagens e dados DataGEO, do governo do estado, e imagens de satélite disponibilizadas no Google Earth, além de fotos obtidas a partir de drones.

A consultoria ambiental contratada para estudar mais detalhadamente metade das 90 áreas estimou que, juntas, refletem a derrubada de aproximadamente 500 mil árvores.

“O gabinete virou um disque-denúncia de derrubada de mata porque o poder público não faz nada desde o fim da Operação Defesa das Águas, em 2012. Um fiscal sozinho não consegue deter o crime organizado, que tem avançado com velocidade”, disse o vereador, acrescentando que há indícios da atuação de organizações criminosas devido a repetição do modus operandi – manutenção de vegetação no entorno das áreas, bem como muros pré-fabricados de concreto da mesma empresa.

“Eu proponho a reedição do convênio entre governo do estado e a Prefeitura de São Paulo, para que subprefeituras, polícias ambientais, GCM, fiscais da Cetesb e das secretarias do meio ambiente atuem juntos”, continuou.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo disse que, só em 2019, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) realizou mais de 6 mil rondas, mais de 600 desocupações e mais de 50 ações para coibir o descarte irregular de resíduos nas áreas ambientais ameaçadas de degradação. O governo do estado informou que neste ano realizou 588 fiscalizações que resultaram em 90 autos de infração ambiental nas Áreas de Proteção e Recuperação de Mananciais nas zonas Sul e Norte da capital paulista.

O governo afirmou ainda que intensificou as reuniões e ações da Operação Integrada Defesa das Águas (OIDA), com fiscalizações, demolições de obras construídas irregularmente e apreensão de maquinário, além de providências administrativas e criminais.

G1