Pantanal tem apenas um fiscal a cada 204 km² para combater crimes ambientais

25/06/2019

Um fiscal a cada 204 km² tem a missão de preservar o Pantanal, bioma que ocupa parte do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul e é um dos mais conservados do mundo. Na região dos dois estados são encontrados casos de abate ilegal de jacaré, pesca em local proibido e uso de apetrechos vetados. Em todos os casos, ou não havia fiscalização no momento, ou ela chegou depois que o crime aconteceu.

Um levantamento feito junto às autoridades locais mostra que 737 policiais e servidores formam um contingente pequeno para vigiar os 150.100 km² da área que é lar de ariranhas, onças-pintadas, araras, tuiuiús, jacarés e outras centenas de espécies.

Para se ter uma ideia, o Sistema de Parques Nacionais dos Estados Unidos tem à disposição mais de 20 mil servidores para 340 mil km² de unidades de conservação, o que representa em média um servidor a cada 17 km².

Fiscalizar e punir os crimes de caça e pesca ilegal estão entre as maiores dificuldades encontradas pelas autoridades, principalmente se não há flagrante. Um caso emblemático de um safári de caça a onças-pintadas em 2011, por exemplo, ainda se arrasta na Justiça — e a maior parte das acusações já prescreveu, segundo decisão judicial publicada na semana passada.

Além disso, as áreas que conservam a maior biodiversidade e servem de santuário para os peixes durante sua fase de crescimento são também as de acesso mais remoto e custoso para as autoridades — mas turistas hospedados em barcos-hotéis costumam passar dias por ali, e cruzar a fronteira entre o permitido e o irregular impunemente é uma questão de minutos.

G1