Moradores querem impedir obra de 21 andares e 106 imóveis na mata do Mosteiro

24/10/2016

A possível construção de uma edificação no bairro Luxemburgo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, tornou-se alvo de um abaixo-assinado que circula na internet contrário ao empreendimento. O documento diz que a mata do Luxemburgo, conhecida como mata do Mosteiro, e o parque Tom Jobim seriam entregues pela Prefeitura de Belo Horizonte a uma construtora para o levantamento de prédios residenciais. O município e a empresa confirmam a existência do projeto de uma única torre de 21 andares, com 106 apartamentos, mas negam que a intervenção causará danos às áreas verdes, alegando que ele vai, na verdade, ampliar o parque, que continuará sob a administração da prefeitura.

O abaixo-assinado, que tem mais de 3.100 assinaturas, diz que “nenhuma crise deve custar o meio ambiente, a qualidade de vida, do ar e das águas”. O estudante de direito Diego Alves, 28, contribuiu para a petição. “É um espaço bonito, calmo, bem-cuidado e bom para as crianças. Acho importante preservar o máximo da pouca área verde que ainda resta na cidade”, afirmou.

De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, o empreendimento está previsto para ser construído “totalmente em terreno particular”, ao lado do parque Tom Jobim. Nessa quinta-feira (20), a reportagem esteve no local, mas não encontrou ninguém. Dos 11,7 mil m² do terreno, 5,6 mil m² serão incorporados ao parque, conforme a pasta. Com isso, o Tom Jobim, que hoje possui 6.400 m², passaria a ocupar mais de 12 mil m².

Discussão. As tratativas sobre o empreendimento começaram em 2012. O projeto foi aprovado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, mas ainda está em processo de desenvolvimento da operação urbana simplificada, instrumento no qual a prefeitura autoriza um empreendimento em troca de contrapartida.

Segundo a prefeitura, além da ampliação do parque, compensações como a preservação de mais de 6.000 m² da mata do Mosteiro, o tratamento de passeios e a instalação de um mirante na rua Gentios motivaram o interesse público. “Isso não implicará em nenhum comprometimento do parque Tom Jobim, nem na alteração de sua gestão”, garantiu o Executivo em nota.

Entre as etapas previstas pela operação urbana, já foram concluídos os estudos dos impactos urbanísticos e de repercussões do empreendimento na vizinhança, além da pesquisa com a comunidade. Após realização de audiência pública, o município vai elaborar e enviar um projeto de lei para votação na Câmara. Somente com a aprovação dele o empreendedor poderá pedir licenciamento e alvará de construção.

Encontro. A audiência pública sobre o empreendimento será na próxima segunda-feira, às 19h, na rua Gentios, 274, Luxemburgo. Na reunião, a população pode dar sugestões sobre o projeto.

Projeto prevê melhorias em área verde

Além da ampliação da área do parque Tom Jobim, o projeto do empreendimento prevê melhorias na estrutura do espaço, conforme a Secretaria Municipal de Desenvolvimento. A implantação de uma nova entrada, pela rua Luiz Soares da Rocha, com apoio a usuários, guarita, banheiros e receptivo está na proposta, que também inclui a instalação de lixeiras, bebedouros, playground e aparelhos de ginástica.

A Patrimar, responsável pelo empreendimento, informou que a edificação terá “considerável afastamento lateral do parque” e que o projeto “visa preservar a qualidade de vida dos moradores”. Os responsáveis pelo Mosteiro não foram encontrados nessa quinta-feira (20).

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Fonte: O Tempo

Foto: Jaques Diogo

Arte: Editoria de Arte do O Tempo

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