Mais de 1 milhão de espécies estão ameaçadas de extinção no planeta

10/05/2019

Relatório divulgado durante o sétimo encontro da Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), que ocorreu em Paris (França), concluiu que cerca de 1 milhão de espécies de animais e vegetais estão ameaçadas de extinção. Muitas poderão desaparecer nas próximas décadas.

O número de espécies nativas dos principais habitats terrestres caiu em pelo menos 20%, principalmente desde 1900. Mais de 40% das espécies de anfíbios, quase 33% dos corais e mais de um terço de todos os mamíferos marinhos estão ameaçados.

“A saúde dos ecossistemas dos quais nós e todas as outras espécies dependem está se deteriorando mais rapidamente do que nunca”, adverte o inglês Robert Watson, presidente do IPBES. “Estamos erodindo as próprias fundações de nossas economias, meios de subsistência, segurança alimentar, saúde e qualidade de vida em todo o mundo”.

Watson, no entanto, diz que ainda não é tarde para mudar este “quadro sinistro”, desde que sejam tomadas medidas imediatas. “Precisamos de mudanças transformadoras em paradigmas, metas e valores tecnológicos, econômicos e sociais. Com isso, a natureza poderá ser conservada e usada de forma sustentável”, ressalta.

Este é o primeiro relatório dedicado à avaliação do ecossistema mundial. Seus dados foram compilados nos últimos três anos por 145 especialistas de 50 países. Foram avaliadas as mudanças ocorridas no planeta nas últimas cinco décadas, proporcionando uma visão sobre como o desenvolvimento econômico impactou o meio ambiente, assim como cenários previstos para as próximas décadas.

“A biodiversidade e as contribuições da natureza dão uma “rede de segurança” para as nossas vidas. Mas esta rede está quase despencando. A diversidade das espécies e ecossistemas está caindo rapidamente”, alerta a coautora do relatório, a argentina Sandra Díaz.

Segundo os cientistas, a emissão de gases de efeito estufa dobrou desde 1980, elevando a temperatura global em até 0,7 grau Celsius.

Coautor do relatório e professor do Departamento de Antropologia da Universidade de Indiana, o brasileiro Eduardo Brondizio ressaltou que o grupo dedicou-se à compreensão das principais causas de danos à biodiversidade.

“Precisamos entender a história e a conexão de indicadores demográficos e econômicos, assim como os valores sociais que os sustentam. Os principais fatores indiretos incluem o aumento da população e consumo per capita. E também a inovação tecnológica, que, em alguns casos, diminuiu, mas em outros aumentou os danos à natureza”, explica.

Brondizio também destaca a “interconectividade global”: a extração e produção de recursos em uma parte do mundo para satisfazer consumidores de regiões distantes.

O Globo