Impacto ambiental do acidente de Brumadinho será sentido por anos

01/02/2019

De acordo com a ONG Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil), o impacto ambiental causado pelo rompimento da barragem da Vale, na Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, terá reflexos no meio ambiente ainda por alguns anos.

Relatório divulgado afirma que “aproximadamente 125 hectares de florestas foram perdidos, o equivalente a mais de um milhão de metros quadrados, ou 125 campos de futebol”, depois de que uma enxurrada de lama e rejeitos atingiu instalações da Vale, casas e veículos em Brumadinho.

A lama já atingiu o rio Paraopeba e avança a uma velocidade de 1 km por hora pelo leito. A aldeia indígena Naô Xohã, de 27 famílias, a 22 km de Brumadinho, epicentro da catástrofe, foi duramente afetada pela poluição da água.

“Estamos em uma situação muito séria. Dependíamos do rio e o rio morreu. Não sabemos o que fazer”, disse o cacique Háyó Pataxó Hã-hã-hãe, contando que os peixes mortos e um odor fétido tomaram conta da pequena comunidade.

A Agência Nacional de Águas (ANA) estima que a onda de rejeitos e lama chegará entre 5 e 10 de fevereiro à hidrelétrica de Retiro Baixo, a 300 km da mina do Córrego do Feijão.

A expectativa é que as barragens de contenção nessa estrutura retenham os rejeitos, mas a ANA esclarece que “está sendo avaliado se a onda de rejeitos alcançará a reserva da hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco, 30 km abaixo da barragem de Retiro Baixo”.

O São Francisco é um rio de vital importância econômica e social para cinco estados. O serviço geológico do Brasil estimava que os resíduos alcançariam Três Marias entre 15 e 20 de fevereiro.

Desde que começou o vazamento, a Vale advertiu que a tragédia teria um maior custo humanitário que ambiental em comparação com o provocado pelo rompimento da barragem de Fundão, no município de Mariana (a 125 km de Brumadinho), em novembro de 2015, que deixou 19 mortos e chegou ao mar, a 660 km de distância, pelo leito do Rio Doce.

A WWF-Brasil considera que ainda é cedo para fazer tais afirmações, dado que não se sabe quando os sedimentos mais finos se dissolverão. Paula Hanna Valdujo, especialista em conservação da ONG, opina que “serão necessários estudos mais detalhados para entender a intensidade deste impacto e até onde se estende”.

France Presse