Estudo mostra que Floresta da Tijuca absorve metais pesados e torna o ar do Rio mais limpo

12/06/2019

Um estudo da PUC-Rio mostra que a Floresta da Tijuca absorve os metais pesados despejados pelo trânsito e torna o ar mais limpo na capital fluminense. Com suas montanhas, florestas, manguezais e praias, o Rio é a metrópole com maior capital natural e tem a maior cobertura verde entre as grandes cidades do planeta, diz Fabio Scarano, professor da UFRJ e coordenador geral da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.

São 28% do território só de florestas (Tijuca, Pedra Branca e Mendanha), sem contar jardins e parques públicos. Nenhuma outra grande cidade tem tanto verde e o valoriza tão pouco, destaca ele.

O grupo de Adriana Gioda, do Departamento de Química da PUC, investigou o papel da floresta na absorção de metais pesados, como chumbo, zinco, cromo e cádmio. No Rio, as emissões de veículos são as principais fontes dessa forma de poluição, nociva para pulmões e coração. O grupo usou espécies de plantas da floresta para monitorar a poluição e viu que os níveis de poluição são menores na mata. O estudo ainda está em andamento e promete revelar ainda mais sobre o pulmão do Rio.

“A floresta a torna o Rio mais respirável”, diz Adriana Gioda, que tem o projeto de pesquisa apoiado pela Faperj.

O professor do Departamento de Geografia da PUC Rogério Ribeiro de Oliveira, especialista na Floresta da Tijuca, acrescenta que além de contribuir para regular o clima local, as matas cariocas protegem a cidade da chuva ácida e ajudam a eleminar a poluição do ar. Não apenas, a Tijuca, mas também as florestas da Pedra Banca e do Mendanha são essenciais para a cidade, destaca.

Coorganizador do livro “Rio de Janeiro capital natural do Brasil”, Rodrigo Medeiros, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, salienta que a falta de planejamento e governança histórica, agravada recentemente, torna a cidade vulnerável a desmoronamentos, inundações e proliferação de doenças transmitidas por mosquitos, todos problemas que poderiam ser amenizados ou evitados com boa gestão ambiental.

“O Rio não é uma cidade com uma floresta dentro. É uma floresta com uma cidade no meio. E precisa se reconhecer como tal. Temos um imenso patrimônio natural e não o usamos a nosso favor. A má gestão e a destruição das matas agravam em vez de evitar nossos problemas crônicos de deslizamentos e inundações. Toda vez que invadem e destroem um pedaço de mata roubam do carioca uma parte de seu patrimônio, sem o qual o Rio não seria habitável”, afirma Medeiros.

O Globo