BH registra morte de macacos

27/01/2017

Belo Horizonte passou a integrar a lista de municípios com rumor de epizootia (morte de macacos), indicativo da febre amarela, de acordo com balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Isso significa que houve notificação de morte do primata na cidade, mas que não foi possível coletar material para investigar a causa do óbito. A SES não informou quantos macacos morreram na capital. BH não tem casos suspeitos de febre amarela, que já somam 486 em Minas, sendo 84 confirmados.

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que o trabalho de recolhimento de primatas mortos ou com comportamento alterado é um trabalho de vigilância realizado ao longo de todo o ano pela Gerência de Zoonoses da pasta. “Os animais recolhidos são encaminhados para o laboratório de zoonoses, onde é realizada a necropsia daqueles corpos que estejam em boas condições, e feito o teste de raiva. O animal é encaminhado para a Funed que, por sua vez, encaminha para o Instituto Evandro Chagas, para que sejam feitos outros exames, como por exemplo, o de febre amarela”, informou a secretaria em nota.

A morte de macacos geralmente precede o surgimento de casos de febre amarela em humanos, visto que os primatas são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus transmissor da doença. O homem é hospedeiro acidental, ao entrar em áreas de mata, onde estão os mosquitos vetores. Até o momento, 79 municípios do Estado registraram rumor de epizootia, inclusive Ribeirão das Neves e Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Exames. De acordo com a SMSA, o trabalho de recolhimento de primatas mortos ou com comportamento alterado é realizado ao longo de todo o ano. Os animais recolhidos são encaminhados para o laboratório de zoonoses, onde aqueles cujos corpos estão em boas condições passam por exames.

Depois de encaminhado para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), o bicho é levado para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, para que sejam feitos outros exames, como o de febre amarela. A secretaria afirmou que, até o momento, não recebeu resultado positivo para a doença em nenhum dos macacos recolhidos e ressaltou que “esses primatas não apresentam riscos para a saúde humana” e não transmitem a doença.

Já a SES informou que a vigilância na capital e em todos os municípios onde há registro de epizootia está intensificada, a fim de antecipar a ocorrência de casos. O Estado ressaltou que o rumor da morte de macacos não altera a rotina de vacinação, que segue o esquema normal.

Apesar disso, a corrida por vacinas contra a febre amarela na capital continua. Até essa quarta-feira (25), mais de 119 mil doses haviam sido aplicadas – no mesmo período de 2016, foram 7.867. BH já recebeu 210 mil unidades de vacina, sendo que a última remessa, de 50 mil, foi entregue nessa quinta-feira (26).

Para o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, a vacina é importante para todos as pessoas, mas nesse momento é mais necessária quem reside em área de risco. “Se esse rumor for confirmado, passa a ser obrigatório que todos se vacinem”, pontuou.

Força Nacional. Dez integrantes da Força Nacional do SUS, entre médicos, enfermeiros e assistentes, enviados pelo Ministério da Saúde, ajudam no combate à febre amarela em Minas.

SAIBA MAIS

Surto. Até essa quinta-feira (26), 550 casos suspeitos de febre amarela e 105 óbitos haviam sido notificados no país, conforme o Ministério da Saúde. Além de MG, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Distrito Federal, Goiás e Mato Grosso do Sul registraram casos.

Rio. Sem doses de vacina suficientes, postos de saúde do Rio de Janeiro estão exigindo comprovantes de viagem para MG de quem quer ser vacinado. No Espírito Santo, quatro parques estaduais serão fechados hoje para evitar infecções.

Cirurgias eletivas estão restritas

O surto de febre amarela está provocando redução no estoque do banco de sangue de instituições de saúde de Minas. Além de dificultar o tratamento de pacientes mais graves, a situação tem restringido a realização de cirurgias eletivas.

No Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, no Vale do Aço, o mínimo recomendável para o setor de hemoterapia são 130 bolsas de sangue. No entanto, atualmente há 30. “Para se ter ideia, um único paciente grave com febre amarela pode exigir de quatro a 12 bolsas de plasma”, afirmou o médico hematologista e responsável técnico Marcos Aurélio Mergh Murer.

O Hemocentro de Montes Claros, no Norte de Minas, solicitou aos hospitais da região a restrição de cirurgias eletivas. “Estamos trabalhando com estoque mínimo de sangue, por isso informamos aos hospitais da necessidade de priorizar casos de emergência”, declarou a gerente da unidade, Rosimere Afonso.

O Hospital Santa Rosália, em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, também precisa de doações de qualquer tipo sanguíneo. “Houve aumento da demanda de sangue, e o grupo de pessoas aptas a doar diminuiu”, afirmou a assessora de comunicação do local, Karine Scosield.

Ao tomar a vacina contra febre amarela, as pessoas se tornam inaptas a doar sangue por ao menos quatro semanas.

Febre. A confirmação exige exame positivo para a doença e negativo para dengue, que tem sintomas compatíveis, análise que indiquem disfunção renal/hepática, entre outros.

Índice de contaminação é o maior em 16 anos

O número de casos confirmados de febre amarela em Minas Gerais neste ano já é o maior registrado no Brasil nos últimos 16 anos. O Estado tem, segundo balanço divulgado nessa quinta-feira (26) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), 84 confirmações – o maior número anterior foi em 2000, quando foram contabilizados 85 casos em todo o país.

Outros 383 registros seguem em investigação em Minas, a maioria deles na cidade de Caratinga, na Região do Rio Doce, que tem 80 notificações.

Os óbitos suspeitos somam 97, sendo 40 confirmados para febre amarela – desses, dez foram em Ladainha, no Vale do Mucuri. Entre as vítimas, 90% são homens, com média de idade de 43,9 anos.

Fonte: portal O Tempo

Reportagem: Rafaela Mansur

Foto da capa: internet